quarta-feira, 25 de abril de 2012

Rascunho VII


Registo todos os dias cinzentos,
Porque a vida nem sempre é a cores.
Guardo, mesmo assim, todos esses momentos
Como guardo o perfume de todas as flores.

Por estes dias algo aperta o meu peito
E deixa-me quase sem poder respirar.
Invade de insónias a hora a que me deito
Deixando, qual tormenta, apenas a incerteza no ar.

Não sei quanto tempo mais irei resistir.
Ao que se instalou na Existência.
Sucumbirei em breve e restará apenas ir
Onde me levar essa essência...

Ao menos que seja a sorrisos especiais,
E a abraços daqueles que nunca se esquecem.
Beijos ternos, gestos meigos e tudo mais
Que guardaria como se tesouros fossem.

Por enquanto, apenas me acariciam o rosto,
Lágrimas e uma esperança algo vã.
Chove no meu olhar mas não mostro,
Prefiro sorrir e esperar por um novo amanhã.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Ensaio XI


Recostado neste silêncio fito
O horizonte, que não é mais que a vida,
Onde se encontra inscrito
O perfil da Existência, interrompida
Por fugazes nuvens e onde a escuridão

Esconde a luz que guia os meus passos.
Não sei de onde vem a força que me levanta
A cada manhã, a cada dia, e sigo os traços
Do esboço da alma, qual manta
Decorada com os feitos do coração

Que carrego dentro do peito.
Parece a vida querer por-me à prova,
Num constante desassossego que respeito,
Mas...Será eterna esta dúvida que se renova
A cada etapa? Qual a razão

Para este constante turbilhão à deriva?
Resta-me continuar jornada após jornada,
Desafio após desafio e lutar, na tentativa
De vencer enfrentando a longa caminhada,
Sempre com um sorriso no rosto, imensidão

Deserta que me leva de novo...à vida!