segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Rascunho V














Tenho medo das palavras que deposito
Nestes Subúrbios da Existência.
Fantasmas de tempos distantes, que visito.
Flashes de memórias que não me esquecem,
Fugazes chagas que não saram, hesito

E toma conta do meu peito o vazio
Que inunda a minha alma, alheada
De tudo quanto vejo, por um fio
Caminho em direcção que desconheço
À espera de encontrar ao desafio

As forças que unem e as que separam.
A alma da razão, o fogo do coração.
E de todas as forças que existiram
Temo aquelas que tornam o dia em escuridão
Aquelas que os olhos nunca viram

Mas que o coração já sentiu
Ao redor da respiração, da inspiração
Que guia o tal caminho, desvio
A que chamo Subúrbios da minha Existência
E que por ora se confunde com a vida!

Ensaio VIII














Palavras...O espelho da alma mostra
O vazio, ao redor o silêncio
Devolve o eco, a amostra
Do ar onde deambulo, ócio
Numa sombra que demonstra

A alma, que se existe
Apagou a luz da presença.
Palavras...Voam ao sabor triste
De um vento ameno, sentença,
Proferida por um fogo em riste

Que não apaga da memória a imagem,
De tempos desalinhados.
Lágrimas...Oxalá lavassem
As cinzas que toldam encharcados
Dias que perco, como se fossem

Pregados numa imensidão.
Rodeada por vazio
Que só conhece a solidão.