quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ensaio XV















Agora que apresentei a rendição...descanso!
Recostado neste meu canto,
A que chamei subúrbio,
À margem de qualquer existência.
Na periferia onde repouso a alma.

Acrescento a cada verso,
As sensações de tudo quanto
Acontece quando não estou no refúgio,
A que volto com insistência
Para encher o peito de calma.

Por mais que queira o Universo
Não deixarei de lutar, tanto,
Mas sem causar qualquer distúrbio,
Nem qualquer espécie de violência,
Apenas com a força da minha chama!

Por ora repouso, imerso
No profundo de mim, manto
Que me protege do mundo frio,
Carregado de gente sem coerência
Cuja essência não pesa sequer uma grama.

sábado, 3 de agosto de 2013

Idiota...Ainda!


Há quem espere a vida toda pelo tempo,
Há quem espere o tempo todo pela vida!

Certos dias nem sei ao certo 
Se passou vida ou tempo por mim,
Nesta travessia pelo deserto
Que abraço mesmo assim.

Há quem desista da vida antes do tempo,
Há quem não tenha tempo para agarrar a vida!

Momentos de dúvidas, incertezas,
Rondam a cada esquina da caminhada,
Levam os pensamentos para as profundezas
Assim como ajudam a continuar na estrada.

Há quem conte a vida pelo tempo,
Há quem viva muito tempo sem nada para contar!

Parece-me que a viagem,
Pelo trilho da vida, faz sentido
Somente com a esperança na miragem,
De um oásis perdido...

Sem tempo!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Rascunho XI


As memórias vem e vão,
E trazem rasgos de abismo.
Pensamentos longos, sem eufemismo,
Para o que sinto no coração.

Afasto a custo a emoção,
Convicto que de nada serve o dramatismo.
E dou mais um passo neste metamorfismo
De me deixar levar mais pela razão.

Sereno, vivo um dia de cada vez,
Agarrado ao que vai cá dentro,
Procurando apenas a pacatez

Do meu mundo, que observo com nitidez
A ver se agarro o espectro,
Que me leve de novo à lucidez.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ensaio XIV


Fiz-me de novo à caminhada
Que o sonho não me deixa esperar.
De repente a pele não sente quase nada,
Muito menos sente o ar,

Que reveste os Subúrbios da  Existência.
Pedi à chuva que escondesse as lágrimas
Que choro a cada passo, na insistência,
De devolver à vida todas as páginas

Onde escrever sobre o futuro.
Pedi ao vento que afastasse o perfume
Que invade a memória de escuro,
Para que de novo possa voltar ao costume

De sorrir o dia inteiro.
Ainda por esse caminho fora,
Pedi asilo ao manto do nevoeiro
Para que possa sem demora

Recolocar toas as peças juntas.
As da alma e as do peito,
Que já andou perdido nas perguntas
Sem resposta, sem lógica...sem jeito!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Rascunho X


Vivo...um pouco à frente das lágrimas,
Durmo...um pouco antes de chegar a dor.
E deixo sempre em  branco as páginas
Que uso para descrever o amor.

Suspendo o bater do coração,
A cada passo desgovernado
Rumo ao incerto, à escuridão,
Caminho apenas com a sombra a meu lado.

Sonho...um pouco antes da alvorada,
Sorrio, um pouco antes de acordar.
E deixo sempre em branco a madrugada
Que uso para recuperar o ar,

Que deixei lá no outro reino,
Qual Subúrbio da Existência,
Onde deambulante sigo o treino
Que me fará vencer a resistência,

Que é fogo nas noites onde sonho
E gelo nos dias onde vivo,
E o medo, já nem sei onde o ponho...
Aqui?

quarta-feira, 6 de março de 2013

Rascunho IX


A vida teima em não me sorrir de volta,
Por mais sorrisos que eu trace,
Por mais que a deixe correr solta
Tarda em mostrar outra face.

Sei porém que algo mais certo que a vida
Me sorrirá num dia não anunciado,
E tal como sempre, sorrirei, pois à partida
O último sorriso será dado

Sem termos a noção que será o derradeiro.
Só assim tudo faz sentido, no meu ver,
Só assim tudo se torna mais verdadeiro,
Quando acontece porque tem de ser.

Recordo assim todos os gestos...tantos!
Que sem o saber foram os últimos,
E sorrisos foram uns quantos,
E tão especiais...momentos óptimos

Que se cravam na memória
Como as estrelas que à noite brilham mais,
E que se tornam na história
Que a vida não apagará jamais!